» Ilha da Cotinga e Costeirinha
No dia 30 de Maio (quinta-feira) fui convidado pelo amigo Renato Rocha, de Paranaguá, para conhecer as ilhas Cotinga e Costeirinha.
Como era feriado, nenhum trabalho marcado e sem o costume de perder uma oportunidade de explorar novas áreas, peguei um ônibus bem cedo e fui encontrá-lo.
Chegando em Paranaguá fomos até a casa de Renato para um rápido café e seguimos até a baia, menos de duas quadras de sua casa, para encontrar com o barqueiro.
Ali mesmo já encontramos muitas espécies – garça-branca-pequena (Egretta thula), garça-branca-grande (Ardea alba), gaivotão (Larus dominicanus), pernilongo (Himantopus melanurus), gaivota-maria-velha (Chroicocephalus maculipennis), garça-azul (Egretta caerulea)…
Seguimos viagem de barco até a Ilha da Cotinga e além das aves citadas ainda encontramos logo na saída, a saracura-três-potes (Aramides cajanea), que não quis sair do emaranhado de raizes do manguezal para permitir um bom registro. Também martim-pescador-grande (Megaceryle torquata), atobá-pardo (Sula leucogaster), biguás (Phalacrocorax brasilianus), trinta-réis-de-bando (Thalasseus acuflavidus), trinta-réis-real (Thalasseus maximus) e socozinho (Butorides striata) foram avistados no caminho.
Chegando na ilha, seguimos por uma trilha até o alto de uma pequena montanha que nos proporcionou uma bela vista da baía e uma ótima surpresa no caminho – uma gralha-picaça (Cyanocorax chrysops).
Apesar de ser uma ave bastante comum em outras regiões e já tendo-a visto em Curitiba, foi a primeira vez que encontro uma delas ao nível do mar, e ainda, numa ilha.
Vimos muitos tizius (Volatina jacarina) e Sporophila sp que não pude identificar, pois não consegui dar uma boa olhada no macho. Papagaios-da-cara-roxa (Amazona brasiliensis) passaram voando em pequenos grupos.
Seguimos por outra trilha junto a floresta onde encontramos um saci (Tapera naevia) que logo desapareceu. Mais tizius. Escutamos muitos garrinchões-de-bico-grande (Cantorchilus longirostris). Apenas Renato conseguiu registrá-lo. Cabeçudo (Leptopogon amaurocephalus) foi bastante colaborativo mediante ao uso de playback. Além desses o pia-cobra (Geothlypis aequinoctialis) também apareceu e o flautim (Schiffornis virescens) se fez ouvir algumas vezes.
Decidimos voltar até os manguezais com o objetivo de registrar a saracura-três-potes (Aramides cajanea) e no caminho encontramos a calhandra-de-três-rabos (Mimus triurus) caçando insetos num gramado próximo ao manguezal.
Depois de devidamente registrada nos sentamos às marges do manguezal e alguns minutos depois, com o auxílio de playback, 3 saracuras apareceram possibilitando o registro.
Satisfeitos com os registros da manhã, voltamos a Paranaguá e depois de um saboroso almoço feito por Cida, esposa de Renato, seguimos para a Ilha Costeirinha.
No percurso de barco pela baía de novo as mesmas aves e ainda garça-moura (Ardea cocoi), martim-pescador-verde (Chloroceryle amazona) e um colhereiro (Platalea ajaja) voando longe.
Chegando na Ilha Costeirinha fomos em busca de uma trilha pelo meio da restinga e acabamos no meio de um manguezal que estava bastante quieto não fosse um casal de tiê-sangue (Ramphocelus bresilius) e uma mariquita (Parula pitiayumi).
Voltamos um trecho do caminho e encontramos a tal trilha, que só não tínhamos visto antes por pura distração.
O principal objetivo aqui era encontrar a maria-da-restinga (Phylloscartes kronei), espécie só descrita em 1992 e já na lista de espécies ameaçadas devido a destruição de sua pequena área de ocorrência (restingas do litoral sul de SP ao litoral norte do RS).
Depois de nos distrairmos com um bacurau (Hydropsalis albicollis) que dormia na trilha e voou para o mato quando nos aproximávamos e um pariri (Geotrygon montana) que também voou, vi um movimento no alto das árvores. Procurei um pouco e lá estava ela – a maria-da-restinga (Phylloscartes kronei).
Com o auxílio do playback consegui atraí-la para uma área mais aberta de mata e o som de sua própria vocalização atraiu mais 3 indivíduos da espécie para o mesmo local.
É sempre um prazer encontrar essas raridades.
Dezenas de espécies endêmicas do Brasil encontram refúgio na Floresta Atlântica da nossa região. Faça sua parte para mantê-la preservada.
Agradecimento especial ao amigo Renato Rocha.
Luciano A. Breves
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